pipo69

Um blogue que acompanha um novo percurso múltiplo de diversas dimensões anónimo, indolor, incolor

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Sem Páginas #9

Titulo - Waiting for the Barbarians
Autor - J. M. Coetzee
Edição - Vintage - 2004

Acho que foi o primeiro Nobel que li. E valeu a pena, o nível de escrita é sublime. A capacidade descritiva do espaço interior e exterior suprema. Os graus de penetração na pele do leitor vão variando mas sempre numa intrusão que força a leitura. Um livro que alia uma beleza desconcertante com uma crueza descritiva por vezes incomodativa.
O sentir das personagens é básico, cru, quase animalesco mas a complexidade dos sentidos é extonteante, sempre provocando o agir consequências que vão abrir feridas insanáveis.
Mas o que me fascinou mais foi sem sombra de dúvida a noção de tempo empregue pelo autor. "Empire has created the time of history. Empire has located its existence not in the smooth recurrent spinning time of the cycle of the seasons but in the jagged time of rise and fall, of beginning and end, of catastrophe." Porque a história sempre existiu para quem manda, não para quem obedece. Os outros vivem ao sabor das estações tentando sobreviver.

Etiquetas:

4 Comments:

At 11:10, Blogger Nuno Barros said...

O Primeiro Nobel? A sério? Nunca leste nada de Saramago, Albert Camus, Garcia Marquez, Hemingway ou Hermann Hesse? Há uma mais uma quantidade de escritores célebres. De certeza que este é o primeiro "nobelizado" que lês? :O

Ainda nunca li Cootzee, ainda não calhou comprar um livro dele. Vou ver se o faço. Lembro-me de já ter tido um na mão que penso que era da Difel e o ter quase comprado.

 
At 14:42, Blogger pipo69 said...

Acho que a expressão era mais naquele sentido de ser a primeira vez que leio um escritor que só ficou conhecido para o grande publico depois de ganhar o Nobel.
Mas falando do Camus já o tinha comprado (L'Étranger) mas por imperativos de ter de o devolver comecei pelo Coetzee.
E agora devido a questões operacionais/académicas estou a fazer leituras utilitárias mais dentro da minha área.
Mas fica a recomendação do Coetzee.
Obrigado pelo comentário.

 
At 14:59, Blogger Nuno Barros said...

O Estrangeiro é muito bom, é fluido e rápido de ler desde que não te ponhas a ler a chatíssima introdução. Tens de tentar de novo.

Hei-de o ler espero, mas Cootzee vai ter de ficar para depois de despachar a carrada de prémios "nóbeis" que tenho na estante. ;)

O prémios Nobel da Literatura é um bicho estranho. Muitas vezes grandes nomes ficam sem tributo e outros parecendo que querendo dar representatividade ao resto do mundo são escolhidos. Mas na verdade quase todos são pelo menos interessantes.

Boas pesquisas então. Estás em letras?

 
At 16:48, Blogger pipo69 said...

Os rótulos nos autores causam-me sempre ou pelo menos a maior parte das vezes grandes arrepios.
Nobels, Booker's Prizes ou ainda pior quando aparece que esteve na short-list, ou no times durante não sei quantas semanas.
Há obviamente um valor universal que é necessário respeitar. Que é apelativo para uma determinada realidade cultural mais abrangente do que o normal.
Em História de Arte chama-se a essa consagração "fortuna crítica" da obra. Mas para mim ainda é a identificação pessoal anterior e posterior á leitura do livro que me torna friend or foe. Sem qualquer Nobel. Apenas o impacto interior.

Obviamente Letras, ainda por cima estão a começar a fazer algumas reparações ;) já começam a usar as minhas propinas para algo mais do que papel higiénico. A entrada já parece a de Direito, mas sem as portas automáticas.

 

Enviar um comentário

<< Home