(Des)Caminhos de Ferro
Voltei a Coimbra.
Voltei a Coimbra de comboio, sozinho para beber um pouco de cultura.
Da ultima vez que lá tinha ido, a única motivação era ver o concerto dos Danças Ocultas, no Teatro Académico Gil Vicente. Assim com o Cândido num bolso e um casaco lá parti de Santa Apolónia. Já não me lembro da viagem de ida preocupado que estava em chegar a horas, mas fiquei extremamente chocado no regresso. Para além do aspecto sórdido da estação de Coimbra - A, os meus companheiros no inter-regional da madrugada eram na sua maioria soldados/recrutas, vulgo feijões verdes.
O aspecto decrépito da composição em que viajei e o tom da conversa fizeram-me recuar cerca de 30 anos, para um Portugal profundo, que ainda existe. Com valores específicos que se mantêm como paradigma do comportamento, porque vivemos no mesmo país mas de certeza que não no mesmo mundo.
Ontem viajei de Alfa-Pendular, atravessei apeadeiros e estações a 200 quilómetros por hora, mas o país continua o mesmo. Pode-se mudar o aspecto exterior de uma sociedade e transportá-la mais rapidamente mas o je ne sais pas quoi continua lá. Nos companheiros de viagem de uma viagem até Coimbra. Nos passageiros deste progresso oco.
Etiquetas: pipo
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home