Ave Maria

Estrenhamente uma ave maria chega aos meus ouvidos.
Porque as encarnaçóes, sagrados corações e afins são apenas epitetos para naquela mulher agradecer toda a multiplicidade que nos prende. Tudo o que poderemos querer juntos no mesmo sangue, no mesmo leite que brota daquele seio materno desde tempos sem memória.

Mid lands

Num comboio depois do sol. A bagagem cheia de distracções para os olhos e palavras prontas para encher a atenção. E depois o choque de chegar e querer partir outra vez. A vontade de viver numa linha paralela sem fim que me leve para outro ponto. Depois a sobrevivência que se impôe.

Musica do Dia

+ uma vez - Regula aka Bellini - Tira Teimas - 2005

Parelhas Musicais

Bitches Ain't Shit - Dr Dre - The Cronic - 1992
- Ben Folds - 2005

Sem Páginas #69

Título - The Maunsell Sea Forts
Autor - Frank R. Turner
Edição - ed. autor - 1997

Porque apesar de nos darmos todos bem vale a pena lembrar que as end notes de todos os livros de história foram a vida de alguém. Todos os seus sonhos, todos os segundos e minutos e dias contidos numa pequena frase. O resumo de todo o génio do individuo reduzido a uma imagem ou ideia ou momento. Depois alguém nos descobre no meio do pó da memória. E vale sempre a pena lembrar quem passou. De um modo romântico tentar assegurar que a nossa pequena passagem seja mais tarde também lembrada para sobreviver ao tempo. Um pouco como os fortes de cimento que ainda resistem ao mar, mas que mais cedo ou mais tarde irão cair e submergir no esquecimento. Até que alguém os descubra escondidos debaixo das marés do estuário do Thames ou numa pequena edição de autor.

Sem Páginas #68

Título - Memories of the Falklands
Autor - Iain Dale (ed.)
Edição - Politico's - 2002

Porque os livros de duas libras são mais saudáveis. Mesmo que apenas uns anos depois. Para analisar uma moderna construção do sujeito histórico. Ou como se pode editar no novo milénio um livro sobre um conflito com apenas relatos de um dos lados. Porque todos os meios para preservar e cristalizar memórias justificativas são válidos. Especialmente se as vozes dissonantes admitirem que dizer mal dos grandes desígnios nacionais nunca ganhou eleições e apenas serve para queimar carreiras. Porque esta é apenas uma versão da história e ainda ficaram muitas histórias para contar. Talves para os 50 anos do fim do conflito.

Sem Páginas #67

Título - Diário da Peste de Londres
Autor - Daniel Defoe (trad. João Gaspar Simões)
Edição - Bonecos Rebeldes - 2007

Porque fazia sentido na partida. Confrontar os mortos da peste antes dos mortos do fogo. Toda a gente no avião achou estranho. Mas confrontar pequenos fantasmas e relembrar mortos será sempre preciso. Principalmente se for um dos primeiros textos em que a história é (d)escrita como construção narrativa. Em que a verdade dos números e a dos factos nem sempre nos apresenta todos os factos. Em que a escrita se transforma numa bruxa da verdade do sofrimento e da vida dos homens. Não é bem assim mas também não foi muito diferente.

Musica do Dia

Hey - Pixies - Doolittle - 1989

Parelhas Musicais

Where the Streets Have No Name - U2 - The Joshua Tree - 1987
Where the Streets Have No Name (I Can't Take My Eyes Off You) - Pet Shop Boys - Discography: The Complete Singles Collection - 1991

Musica do Dia

Grey Street - Dave Matthews Band - Busted Stuff - 2002

Tempus fugit

Porque não há tempo para tudo. Para assinalar todos os momentos e todos os acontecimentos. Apenas um olhar para trás e conferir o inevitável. Este é um ano novo. De criar apenas o que pode ser um perfeito desconhecido de mim mesmo. Mas por cima de tudo sobrevive uma vontade, uma necessidade de manter algum registo. Porque perder o pé neste remoinho das horas, dos dias e dos minutos é algo que verdadeiramente me assusta. E ainda faltam tantas páginas para escrever. Fugir, apenas para a frente onde se encontra o tempo ainda por viver.

Musica do Dia

The Sweet Escape - Gwen Stefani - The Sweet Escape - 2006

Trademark

Porque CR, MR M e a fadista loira são claramente trademarks de um país. Porque com os recentes problemas teve de se realizar um re-investimento na imagem do país. Mas apostar em pessoas que pouco tem a ver com o país (a menos que MR M volte para treinar os lampiões), torna-se redudante. Redundante porque a imagem globalizada, cosmopolita que se faz passar não tem nada a haver com a realidade do país. Um pouco como ir de férias. As coisas nunca são a excepção dos nossos dias de férias.

motto

Trails of troubles,
Roads of battles,
Paths of victory,
We shall walk.

I walked down by the river,
I turned my head up high.

I saw that silver linin,
That was hangin in the sky.