War
Filmes de guerra são sempre aquele momento. Principalmente para uma geração como a minha que felizmente escapou a tal prova de fogo na passagem à idade adulta. Começar com Platoon, passar por Born on the Fourth of July e começar a descobrir clássicos como Patton e Battle of the Bulge, ver as montagens manhosas dos dogfights de Battle of Britain ou o dramatismo da escolha do Capitão Langsdorff na The Battle of the River Plate. Mas foi com Kubrick e Stone que mais longe se foi (os dois Apocalypse Now e Full Metal Jacket). E então aparece Terrence Malick e The Thin Red Line que filma a guerra como ninguém a tinha filmado, que abdica do humano para se perder na natureza. Que filma talvez de maneira mais impressionante o aniquilamento do índividuo na morte final do protagonista. E apesar de tudo tinha um "cast" alternativo de nomes sonantes que nem sequer aparecem nos créditos. Esses metros de película serão sem sombra de dúvidas apetecidos por qualquer verdadeiro fan de cinema de guerra. E pensar que Saving Private Ryan é do mesmo ano... Em relação a Jarhead a análise torna-se mais dificíl, a reciclagem da imagem clássica é demasiado evidente e a tentativa de criar uma nova imagem também. Mas é inegável uma profundidade e capacidade de levar a aniquilação do ser ao mais ínfimo grau. Porque eles sentem-se mesmo inúteis e querem mesmo matar. É por isso que dou graças da minha geração (ainda) não ter tido uma experiência militar que ultrapassa-se os limites do quartel da Ajuda no dia da inspecção. Felizmente apenas um dia.
Etiquetas: pipo
2 Comments:
Jarhead deve ser mesmo peculiar sobretudo porque parece ser um 'filme de guerra' que conta os momentos em que não há conflito... um pouco como um possivel filme pornográfico onde foram cortadas todas as cenas de sexo. Mas o que Jarhead parece ser é o reinventar de todo um género que usa acção e tensão 'bélica', algo que parece ser evitado neste filme, que usa em vez disso o 'perfil psicológico' para mostrar a monstrosidade da coisa... achastes isso?
Compreendo o que queres dizer. A pretensão é claramente essa, o "aniquilamento" da vontade, liberdade individual, passou dos campos de batalha para as casernas e do combate para a rotina estática. Mas então e a primeira parte do "Full Metal Jacket", a infame Parris Island? Sem violência visível e no entanto acaba daquela maneira "bonita". Nem falando da referência aos snipers mais famosos da história americana, todos formados nos Marines...
Gostei do filme mas fiquei com a impressão de que tentando reinventar uma linguagem e imagem (e vice-versa:), pouco se avançou, talvez, porque os filmes que inovam muito raramente se preocupam com isso. São feitos e a sua assimilação é realizada pelo público que os transforma no standart e não imposta pelo realizador. Uma simples mudança de paradigma que por acaso já se encontrava (pelo menos para mim) interiorizado.
Enviar um comentário
<< Home